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segunda-feira, junho 18, 2012

Aumenta o interesse das franquias estrangeiras no Brasil

Crise na Europa e nos EUA aumenta foco das redes aqui; alimentação é um dos setores mais atraentes

Por Júlia Pitthan

Fachada da loja portuguesa Arranjos Express
A crise que mantém o crescimento da Europa e dos Estados Unidos estagnado tem ajudado a colocar o Brasil no foco das redes de franquias estrangeiras que buscam expansão. Na ABF Franchising Expo, feira do setor que ocorre em São Paulo desde hoje até sexta-feira, 15 países estão representados com estandes próprios ou delegações. 

“Há um aumento de interesse das redes estrangeiras pelo Brasil”, afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Ricardo Camargo. De acordo com ele, 106 companhias do exterior já atuam no país. No entanto, o amadurecimento do mercado de franquias brasileiras e o momento de aquecimento da economia colocam algumas barreiras à entrada das bandeiras internacionais em solo nacional. 

“Se a rede não tem condições de abrir de 10 a 20 lojas, não precisa nem vir, porque não vai conseguir penetração de mercado. E é cada vez mais difícil encontrar parceiros locais dispostos a fazer investimentos de R$ 10 milhões a R$ 20 milhões”, disse. De acordo com Camargo, o regime tributário elevado – que chega a uma margem de 43% em alguns casos – também assusta os estrangeiros interessados em aportar no Brasil. 

Para Ricardo Bomeny, presidente da ABF, o país passa por um momento de reconhecimento no mercado internacional, mas isso traz alguns ônus para o investidor que quer se instalar aqui. “Ficou mais caro entrar no Brasil”, disse. 

Segundo Bomeny, os pontos comerciais estão mais caros, assim como os custos com mão de obra, resultado de um processo de forte profissionalização do setor. “Sem uma boa parceria local, pode-se correr o risco de fazer um investimento alto e ter um retorno mais demorado”, disse. 

Foco na alimentação 

O setor de alimentação é um dos que mais chama a atenção dos estrangeiros para entrada no Brasil, segundo Camargo, da ABF. De acordo com a entidade, o segmento cresceu 14,5% em 2011 e foi responsável pelo ingresso de 54 novas marcas. 

Paulo César Mauro, presidente da consultoria Global Franchise, representa por volta de 50 marcas estrangeiras interessadas em entrar no Brasil. De acordo com ele, houve um aumento de cerca de 50% nesse movimento na comparação entre 2011 e 2012. “Toda semana recebemos a consulta de alguma empresa interessada”, diz. 

Mauro conta que a entrada é mais difícil para as redes que dependem da importação de produtos – como o setor de moda –, mas há grande vantagem para as áreas de serviços e alimentação. “Esse é o segmento que gera mais interesse, já que é um dos que mais crescem e tem menos barreiras de entrada”, diz. Ele reconhece que o Brasil se tornou um mercado bastante competitivo no segmento de franquias, à frente dos outros países do BRICS, Rússia, China e Índia. “Quando o mercado está aquecido, que é o nosso caso, os custos ficam muito mais altos.” 

O presidente da Global Franchise discorda, no entanto, que as redes precisem entrar de cara com um grande número de lojas para vencer no mercado brasileiro. “Antigamente, as empresas buscavam um franqueador máster que abrisse muitas lojas. Mas o Brasil é tão grande que ficou difícil”, diz. Hoje, ele diz que as empresas buscam pulverizar os riscos com um número de maior de franqueados. “Vale o conceito de flagship store, para fincar a bandeira da marca em um bom shopping ou bom ponto comercial, e a partir daí fazer a expansão. 

A rede portuguesa Arranjos Express, com foco em consertos de roupas e costura, acaba de chegar ao Brasil e se prepara para abrir a primeira unidade até a segunda quinzena de julho, no shopping Vila Olímpia, em São Paulo. O empresário Paulo Alexandre, fundador da rede em Portugal, fez questão de ser o próprio franqueador máster no Brasil. 

Hoje, a rede conta com 30 unidades em Portugal. A meta no Brasil é abrir duas lojas próprias e conquistar 35 franqueados até o final de 2012. “Sentimos verdadeira necessidade de diversificar os nossos mercados. As pequenas e as médias empresas, como a minha, passam por momentos menos positivos na Europa, com crescimento nulo e, em alguns casos, em decréscimo", disse. 
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