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quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Jovens recém-formados empreendem para entrar no mercado

Jovens recém-formados empreendem para entrar no mercado


A dificuldade para conseguir um emprego e os baixos salários oferecidos por algumas vagas foram fatores determinantes na decisão do fotógrafo Adam dos Santos Tavares, de 23 anos, em empreender. Mesmo sem ter adquirido experiência suficiente durante o período em que fazia o curso de Design Digital e com o problema da falta de capital de giro para iniciar seu negócio, o então recém-formado resolveu mesmo assim ingressar no mercado de trabalho por conta própria.
Esse tipo de iniciativa já é bastante comum. De acordo com os dados do GEM 2009 (Global Entrepreneurship Monitor), a porcentagem de jovens de idade entre 18 e 24 anos que preferem empreender a buscar um cargo em alguma empresa durante ou depois do Ensino Superior chega a 20,8%. Para Francisco Baroni, coordenador de Pequenos Negócios da FVG (Fundação Getulio Vargas), o que impulsiona esse tipo de atitude é a falta de postos de trabalho para o recém-formado. "Em vista do baixo número de oportunidades no mercado formal, o empreendedorismo aparece como chance de crescimento pessoal e profissional", diz Baroni. Segundo ele, outro fator que chama atenção do jovem na hora de seguir seus próprios passos no mundo empresarial é o fato de que, sozinho, ele não precisa seguir ordens nem horários diários pré-estabelecidos. "Também funciona como uma forma de ter independência para agir da maneira que ele acha mais cômoda", explica o coordenador.
Para Baroni, empreender ainda jovem não é um problema, já que a gama de conhecimento teórico que o recém-formado recebeu durante a universidade ajudará na prática. "É o momento de buscar pelo equilíbrio entre aprendizado e mercado de trabalho. Uma boa hora para se fazer isso é gerenciar um projeto próprio", defende ele. É claro que nem todos que tem essa vontade possuem verba para iniciar o negócio e esse, de acordo com o coordenador, é o maior obstáculo para a concretização do sonho.
Mas apenas a formação acadêmica, a verba e a empolgação não são suficientes para entrar no mundo dos negócios. Baroni aconselha quem quer entrar em qualquer ramo, a pesquisar e a fazer um plano de negócios sólido para avaliar a situação. "Nesse documento ele terá a descrição de seus produtos, objetivos e finanças disponíveis. É uma maneira de analisar de forma abrangente e objetiva o que está sendo feito", afirma ele. E se o negócio não decolar, o empreendedor não deve desanimar. "Eles podem tanto abrir outro negócio numa nova tentativa ou partir para o mercado de trabalho como funcionário. Uma vez que são jovens, o fracasso não deve ser uma preocupação", defende Baroni.
Para a consultora do SEBRAE-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Ana Paula Sefton, o primeiro passo antes de alguém pensar em empreender é ter uma meta. Depois de traçado esse objetivo é preciso criar prazos e recursos, tudo isso ligado por pesquisas e planejamento. "Estudar o mercado e se preparar para o momento certo é o que pode fazer a diferença entre o sucesso ou o fracasso dessa jornada. Além de tudo isso, também é preciso inovar", destaca Ana.
Tavares conta que teve bons resultados com esse tipo de conselho, mas mesmo assim algumas dificuldades surgiram durante o trajeto. Segundo ele, o primeiro passo foi investir em equipamentos e procurar por nichos de mercado que não eram bem explorados. "No começo, cheguei até a trabalhar de graça para montar meu portfólio e ganhar experiência profissional", relembra. Depois disso veio a hora de inovar. "Primeiro comecei a filmar e fotografar partos e a fazer retratos do crescimento dessas crianças. O passo seguinte foi montar o meu estúdio móvel para atender as demandas dos clientes", explica.
Mesmo que Tavares já tenha encontrado o foco dentro da sua área de atuação, alguns problemas ainda estão presentes em sua rotina profissional. "A concorrência desleal de profissionais que estão a mais tempo no mercado e que cobram um preço muito baixo ainda é o que mais atrapalha a continuidade do processo", relata o fotógrafo, que promove seu trabalho principalmente através da propagando boca a boca.
Aqueles que já possuem a ideia, mas ainda não sabem como desenvolvê-la podem consultar o Manual do Jovem Empreendedor do CJE-FIESP (Comitê de Jovens Empreendedores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Nesse guia, que busca ajudar na capacitação dos jovens empreendedores brasileiros, são encontrados pontos como organização e planejamento do futuro negócio, empreendedorismo e responsabilidade social, estruturação jurídica do novo negócio entre outros aspectos.
Para Marcelo Aidas, coordenador adjunto do centro de novos negócios da FGV-EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo), o único caminho para o jovem se tornar um bom empreendedor no futuro é errar. E essa falha deve ser compreendida como uma fase comum no caminho para o sucesso. "Eles devem entender que competirão com comerciantes experientes que aprenderam da mesma maneira que eles, com os erros", declara ele. Mesmo que o contato com os problemas seja quase que inevitável, Aidas aconselha. "É preciso conhecer o negócio e seus riscos, a concorrência e as mudanças de mercado. O empreendedor deve estar sempre atento com o que acontece a sua volta", aconselha.
Aidas também acredita que a família e a universidade têm um papel importante dentro desse contexto, já que podem ser os primeiro a ter contato com a ideia e a vontade dos filhos e alunos de empreender. "Nesse momento, é preciso ter cautela porque por um lado eles podem frustrar o sonho do jovem e por outro fazer com que ele mergulhe de cabeça numa situação que pode traumatizar", exemplifica. O coordenador acha que é importante ter na cabeça que esse tipo de experiência nunca será ruim. "Mesmo se o negócio não der certo, ele não perderá, pelo contrário, essa experiência ajudará em outros momentos de sua vida", aposta ele.
Algumas dicas do Manual do Jovem Empreendedor
Os nove pecados que um empreendedor não pode cometer:
  • - Falta de atenção na obtenção de licenças de funcionamento e pagamento de tributos: os aspectos burocráticos de uma empresa devem sempre ser levados em consideração. Estabelecimentos sem licença e aprovação de impostos podem gerar transtornos.
  • - Contratação inadequada de funcionários: tenha certeza que os funcionários contratados possuem conhecimento da área.
  • - Definir preço sem base: não é possível definir o preço de um produto por pura intuição. É preciso fazer uma análise de mercado antes de fixar as taxas.
  • - Falta de fluxo de caixa: para o bom funcionamento de um negócio é preciso saber quanto a empresa precisa pagar e receber.
  • - O dinheiro que está no caixa não é lucro: evite a tentação de confundir o dinheiro da empresa com o seu próprio dinheiro.
  • - Não focar em vendas: muitos empreendedores focam demais no desenvolvimento de produtos e deixam as vendas de lado. A venda de material é essencial para o crescimento da empresa.
  • - Financiamento: os novos empreendedores não devem cair na armadilha de um financiamento se não for para expandir os negócios.
  • - Falta de planejamento: não se deixe levar por excessiva confiança. Pare, pense e coloque no papel seus planos para a empresa.
  • - Escolher o sócio errado: nem sempre fazer sociedade com amigos e parentes dá certo. O importante é encontrar um sócio que complemente suas habilidades profissionais e tenha os mesmos objetivos para a empresa que você tem.

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